Não sei se vocês conhecem aqueles botecos do centro da cidade que a cerveja é sempre mais barata e mais gelada que os demais bares. Não sei se vocês conhecem aquele boteco que sempre tem um homem bonito, de barba, que sorri quando a gente pisa e chega de calça jeans.
Num desses botecos bonitos por fora, mas tristes por dentro, com a falsa felicidade do efeito da cerveja, eu entrei no banheiro. Precisei. E na porta, em quanto eu abria o zíper da calça, você entrou, já que eu esqueci de trancar a porta.
Eu sei, o erro foi meu, mas você também não deveria ter entrado.
Olhou no fundo dos meus olhos que me deixou com vergonha, mas pegou no meu pescoço, me entrelaçou - se eu não tivesse nessa situação, talvez até eu poderia ter gostado -, mas enfim, não gostei.
Empurrou-me para porta cheia de grafias das mais diversas, em uma dessas grafias até estava escrito: "ele vai te pegar com força, corre".
Será que estava falando do mesmo rapaz? Eu não gostei, a barba por fazer roçava na minha pele suada, o local estava quente, era inapropriado.
Eu só desejava a minha cerveja para tentar sumir com aquela cena que eu estava metida, e não era por minha culpa. Você viu... ele entrou sem o meu consentimento. E saiu sem eu pedir.

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