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domingo, 31 de dezembro de 2017

Dose contente

A gente era feliz, só que não sabia.

O bar estava cheio e o menino do boné cor de rosa - ainda não sei porque ele está usando aquilo - estava trazendo a terceira dose de tequila.

Como cheguei naquele nível? Como o meu corpo não pifou ainda? São perguntas que eu não sei a resposta, pelo simples fato de que eu não estava pensando nisto naquele momento. Minha boca estava seca, estava pedindo por aquela dose.

Eu sabia que o azedo do limão passando pela minha garganta e pousando no meu estômago me fariam esquecer de vez - ou talvez por um tempo - do menino que me deixava feliz, só que eu não sabia.

A dose chegou. O meu sorriso falso se abriu de orelha a orelha e, em uma fração de segundos, uma pitada de sal estava no dorso da mão esquerda  e com a mão direita eu segurava o copo.

1, 2 e 3... E bebi. E esqueci. E fiquei triste. E sorri. E gritei por mais. E os olhos se fecharam.

O zumbido do bar me deixou tonta, as pessoas me lembravam dele. Todas elas se pareciam com ele. E eu só queria ficar com ele porque no fundo eu sabia que o que me deixava contente era ele.

Como eu disse quando comecei este texto, a gente era feliz, só que não sabia. Digo "a gente", em razão de que, provavelmente, ele também está triste, quer dizer, eu espero que sim. Pois sofrer sozinha seria duro demais para mim. Ainda mais em um bar cheio com pessoas cheias que me deixavam vazias por dentro.

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