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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Grafias.



Não sei se vocês conhecem aqueles botecos do centro da cidade que a cerveja é sempre mais barata e mais gelada que os demais bares. Não sei se vocês conhecem aquele boteco que sempre tem um homem bonito, de barba, que sorri quando a gente pisa e chega de calça jeans.

Num desses botecos bonitos por fora, mas tristes por dentro, com a falsa felicidade do efeito da cerveja, eu entrei no banheiro. Precisei. E na porta, em quanto eu abria o zíper da calça, você entrou, já que eu esqueci de trancar a porta. 
Eu sei, o erro foi meu, mas você também não deveria ter entrado. 

Olhou no fundo dos meus olhos que me deixou com vergonha, mas pegou no meu pescoço, me entrelaçou - se eu não tivesse nessa situação, talvez até eu poderia ter gostado -, mas enfim, não gostei. 

Empurrou-me para porta cheia de grafias das mais diversas, em uma dessas grafias até estava escrito: "ele vai te pegar com força, corre". 

Será que estava falando do mesmo rapaz? Eu não gostei, a barba por fazer roçava na minha pele suada, o local estava quente, era inapropriado. 

Eu só desejava a minha cerveja para tentar sumir com aquela cena que eu estava metida, e não era por minha culpa. Você viu... ele entrou sem o meu consentimento. E saiu sem eu pedir. 




Eu já te vi por aí.

Eu já te vi por aí. 

Você de sorriso de canto e de fala baixa, o som vinha surrado, fazia poça na calcinha. 


Eu já te namorei por aí. 

Você de alma pura, brinco na orelha e meia vontade de me agarrar. 



Eu já te vi, já esbarrei em você. 

Mas agora quero longe, você conseguiu me beijar. 


Beijo até que bom, meio morno, criei expectativa demais, ainda bem! E que bom que mudamos de ideia, eu te vi, eu te namorei, e sai de cena. 


Com fissuras. 

Com atrito. 

Mas Excitada.