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quinta-feira, 31 de outubro de 2013


Antes x Depois


Uma mulher não perdoa uma única coisa no homem: que ele não ame com coragem. Pode ter os maiores defeitos, atrasar-se para os compromissos… Qualquer coisa é admitida, menos que não ame com coragem. Amar com coragem não é viver com coragem. É bem mais do que estar aí. Amar com coragem não é questão de estilo, de opinião. Amar com coragem é caráter. Vem de uma incompetência de ser diferente. Amar para valer, para dar torcicolo. Não encontrar uma desculpa ou um pretexto para se adaptar. Não usar atenuantes como “estou confuso”. Amar com fúria, com o recalque de não ter sido assim antes. Amar decidido, obcecado, como quem troca de identidade e parte a um longo exílio. Amar como quem volta de um longo exílio. Amar quase que por, por bebedeira. Amar desavisado. Amar desatinado, pressionando, a amar mais do que é possível lembrar. Amar com coragem, só isso!

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Guria levada

Era tudo tão arriscado, tudo tão perigoso. Eram só férias, só diversão, só bebedeira, só noite sem descanso. Era meu tempo de brilhar, eu não me importava de andar de biquini e cabelos cor de rosa, era divertido, era encantador. As luzes piscando para mim e eu piscando de volta, o sorriso era branco e a mão ocupada com o copo vermelho. Era empolgação, música invadindo os meus ouvidos e fumaça saindo pela minha boca.

Resolvi trocar de música, apertei o botão do teclado do computador, era enorme e as caixinhas de som pulsava por causa do volume alto, mas não fazia diferença. Ouvi uma voz berrar de dentro.
"O que estás fazendo, guria levada?" mais gesticulando com as mãos do que com a boca.
"Levada? Um pouco só..." e ri a beça.
"Ninguém mexe nisso, só eu."
"Só você?" estacionei minha mão no seu peito esperando o sinal verde.
"Bah guria levada, não sabes o que estás fazendo... E essa música que me endoida? O que vais fazer a respeito?"
Pediu, eu atendi. Deu o sinal verde e acelerei, acelerei em direção a sua boca. Minha língua fazendo o movimento de máquina de lavar pifando combinava com a sua úmida, sua mão embaixo dos meus seios queriam mais e mais. Você beijava bem, quase pensei alto, mas minha boca estava ocupada.
"Já fiz" respondi sua pergunta depois de um bom tempo. E sai de cena.

Fui ver o mar, a imensidão que tem fim, mas os olhos não alcançam. O vento assoprava na minha nuca ou era você de longe? Virei-me quase de imediato e não vi ninguém, ri sozinha e acendi um cigarro mentolado. Tão ruim que foi Diabo que criou ou o homem seria o certo?! Traguei sem respirar e soltei, repeti e mergulhei no mar... E esqueci de voltar a superfície. Era tão escuro e silencioso lá...

O outro


Um carinho, um beijinho quase sem graça, um dengo dengo no fubá, um sorrisinho meio sem sal... É tudo o que te peço, vem de noite, vem escondidinho sem fazer barulho só a respiração bem fraquinha, fazer meus sentidos apurar-se. Daí você vem de frente e eu de costas, só na espera do seu beijo seco no meu pescoço e seguido de uma mordidinha pra arrepiar meus pelinhos, pra aflorar meu líbido. Mas vem sem pressa, vem quase parando. Meio torto, estacionando em algumas curvas... Pra dar tempo do outro ir embora, de pular a janela e eu pentear os cabelos compridos e pedir desculpas pra ele, mas sem vontade.

Ouviria o chuveiro ser ligado, a água indo pro ralo e o espelho embaçado. Eu jogaria no chão a camisola e gritaria um "já vou" pensando no outro, no susto que levei com a chave girando na fechadura e no quanto era excitante. Você já estava sem camiseta, só de cueca. Abriria a porta do box e entraria. E eu logo em seguida, daria um "oi" olhando para seus lábios e um beijo pra marcar presença. Ai ai... O pensamento ia pro ralo junto com a água, esqueceria do outro e só quereria você e seus músculos fortes de horas de academia.

"Como foi seu dia?" ele falou passando shampoo nos meus cabelos.
"Bom..." até demais pensei, "como você é dedicado!"
Ele riu e começou a massageá-lo. Era quase profissional, deve ter feito curso na adolescência e eu não fazia ideia. A mãe deve ter obrigá-lo à fazer o mesmo com os delas que provavelmente eram ásperos... "Já que você não perguntou, fui trabalhar..."
Virei-me para ele e fiz uma careta de surpresa, ele riu mais ainda. "Lógico que perguntaria, você que não deu tempo. Fiquei entretida com seus dedos" retruquei.

Aí se você soubesse que outro homem mais bonito e um pouco mais atrevido já entralaçou os dedos nos meus cabelos, já beijou em minha boca e no queixo... Contou suas histórias e cozinhei para ele. Aí se você soubesse que não és o único homem da minha vida e quando você foi viajar... Ele dormiu de conchinha na nossa cama que agora virou confusão porque é de nós três.
Você secou minhas costas com a toalha e depois me dera, respirou fundo e pegou a outra para você, secou os seus cabelos curtos e sorriu para o espelho em sinal de ok, enrolou-a nos quadris e saiu do banheiro. Eu fiz o mesmo, entrei no nosso quarto e deitei na cama mesmo com os cabelos molhados, você beijou minha testa e murmurou algo para si mesmo.

Eu saberia que amanha e depois de amanhã seria todo a mesma monotonia e quando o outro chegasse seria expectativa.