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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O outro


Um carinho, um beijinho quase sem graça, um dengo dengo no fubá, um sorrisinho meio sem sal... É tudo o que te peço, vem de noite, vem escondidinho sem fazer barulho só a respiração bem fraquinha, fazer meus sentidos apurar-se. Daí você vem de frente e eu de costas, só na espera do seu beijo seco no meu pescoço e seguido de uma mordidinha pra arrepiar meus pelinhos, pra aflorar meu líbido. Mas vem sem pressa, vem quase parando. Meio torto, estacionando em algumas curvas... Pra dar tempo do outro ir embora, de pular a janela e eu pentear os cabelos compridos e pedir desculpas pra ele, mas sem vontade.

Ouviria o chuveiro ser ligado, a água indo pro ralo e o espelho embaçado. Eu jogaria no chão a camisola e gritaria um "já vou" pensando no outro, no susto que levei com a chave girando na fechadura e no quanto era excitante. Você já estava sem camiseta, só de cueca. Abriria a porta do box e entraria. E eu logo em seguida, daria um "oi" olhando para seus lábios e um beijo pra marcar presença. Ai ai... O pensamento ia pro ralo junto com a água, esqueceria do outro e só quereria você e seus músculos fortes de horas de academia.

"Como foi seu dia?" ele falou passando shampoo nos meus cabelos.
"Bom..." até demais pensei, "como você é dedicado!"
Ele riu e começou a massageá-lo. Era quase profissional, deve ter feito curso na adolescência e eu não fazia ideia. A mãe deve ter obrigá-lo à fazer o mesmo com os delas que provavelmente eram ásperos... "Já que você não perguntou, fui trabalhar..."
Virei-me para ele e fiz uma careta de surpresa, ele riu mais ainda. "Lógico que perguntaria, você que não deu tempo. Fiquei entretida com seus dedos" retruquei.

Aí se você soubesse que outro homem mais bonito e um pouco mais atrevido já entralaçou os dedos nos meus cabelos, já beijou em minha boca e no queixo... Contou suas histórias e cozinhei para ele. Aí se você soubesse que não és o único homem da minha vida e quando você foi viajar... Ele dormiu de conchinha na nossa cama que agora virou confusão porque é de nós três.
Você secou minhas costas com a toalha e depois me dera, respirou fundo e pegou a outra para você, secou os seus cabelos curtos e sorriu para o espelho em sinal de ok, enrolou-a nos quadris e saiu do banheiro. Eu fiz o mesmo, entrei no nosso quarto e deitei na cama mesmo com os cabelos molhados, você beijou minha testa e murmurou algo para si mesmo.

Eu saberia que amanha e depois de amanhã seria todo a mesma monotonia e quando o outro chegasse seria expectativa.

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