Tu eras homem sumido, que só ligava pra saber onde que eu estava, mas não dava satisfação.
Um dia eu não atendi e tu fostes embora.
Senti saudade? Senti, mas bebi pra esquecer e encontrei um homem mau, daquele que sabia que eu aguentava dois dedos na minha boca e assim, eu chupava com gosto. Que nem pirulito ainda novo. Que nem criança pequena quando quer doce. E o quarto que só tinha a cama no meio estava a nossa disposição. Era só pra gente, apagava a luz e depois eu não respondia por mim mesma. Ia ao êxtase e voltava ao êxtase. Homem mau sabia me encantar, sabia o que estava fazendo.
Entre os dois, mau supera.
E esse homem também era malandro, tinha barba e olho vermelho, viajava na fumaça e voltava para me beijar. E eu quase tossia... Tu ia fundo, pegava pela minha nuca e não me deixava sair. O ar ia e saía dos meus pulmões, era para me condicionar? E eu já perdida, ele sorriu pra mim e entrou em mim. Daí eu não sei mais, fui pra Marte e voltei, com direito a passar pela Lua só pra visitar. Daí esquentou, talvez eu tenha ido ao Sol no meio do caminho. E foi assim durante a noite.
A sensação era tão boa que eu segurava os lençóis com força. Meus olhos reviravam e foi uma sucessão de ações: tu se virou pro lado, tomou água, fechou os olhos e dormiu. Simples assim.
Descobri, naquele momento, o porquê do homem mau, porque tu me comeu e foi embora. Bateu a porta junto com o teu copo e foi. Mas isso já era de manhãzinha, ele tinha ficado um pouco. Deve ter visto eu adormecer, mexeu nos meus cabelos e me deu um beijo na testa. Se não, não tem problema não, eu não era de ninguém, ninguém era meu dono. Sabia me virar.





