Pesquisar este blog

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Homem mau

Tua eras homem bom, daqueles que colocava o dedo na minha boca só pra eu chupar. Daqueles que ficava pra dormir.
Tu eras homem sumido, que só ligava pra saber onde que eu estava, mas não dava satisfação.
Um dia eu não atendi e tu fostes embora.
Senti saudade? Senti, mas bebi pra esquecer e encontrei um homem mau, daquele que sabia que eu aguentava dois dedos na minha boca e assim, eu chupava com gosto. Que nem pirulito ainda novo. Que nem criança pequena quando quer doce. E o quarto que só tinha a cama no meio estava a nossa disposição. Era só pra gente, apagava a luz e depois eu não respondia por mim mesma. Ia ao êxtase e voltava ao êxtase. Homem mau sabia me encantar, sabia o que estava fazendo.
Entre os dois, mau supera.
E esse homem também era malandro, tinha barba e olho vermelho, viajava na fumaça e voltava para me beijar. E eu quase tossia... Tu ia fundo, pegava pela minha nuca e não me deixava sair. O ar ia e saía dos meus pulmões, era para me condicionar? E eu já perdida, ele sorriu pra mim e entrou em mim. Daí eu não sei mais, fui pra Marte e voltei, com direito a passar pela Lua só pra visitar. Daí esquentou, talvez eu tenha ido ao Sol no meio do caminho. E foi assim durante a noite.
A sensação era tão boa que eu segurava os lençóis com força. Meus olhos reviravam e foi uma sucessão de ações: tu se virou pro lado, tomou água, fechou os olhos e dormiu. Simples assim.

Descobri, naquele momento, o porquê do homem mau, porque tu me comeu e foi embora. Bateu a porta junto com o teu copo e foi. Mas isso já era de manhãzinha, ele tinha ficado um pouco. Deve ter visto eu adormecer, mexeu nos meus cabelos e me deu um beijo na testa. Se não, não tem problema não, eu não era de ninguém, ninguém era meu dono. Sabia me virar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário