Tu me me olhavas com estes olhos de cachorra no cio, com estes olhos azuis da cor do céu me pedindo cuidado, um zelo tamanho que precisei segurar teu rosto e dizer que tu eras linda, a mais linda de todas as gurias do mundo. Daqui. De lá. De qualquer lugar. E daí tu sorriu, clareou o quarto escuro e passastes a língua nos teus lábios e me chamastes para um beijo, eu aceitaria até se fosse meio beijo. Puxei-te a mim e não esperei tu vires. Agarrei teu rosto e te trouxe como se fosse raio, nossas línguas eram fogos de artifício, eu era.
Se fosse preciso descrever a felicidade, eu falaria que eras tu. Que era a cor do teu cabelo e o branco dos teus dentes, que era o cigarro na tua mão indo de encontro aos teus lábios rosados e a fumaça que saía deles. Descreveria que era a roupa que tu não usava, a calcinha preta de renda que estava no canto da cama e a tua cabeça no meu ombro. Comentaria também que felicidade era tu do meu lado ou em cima de mim me cobrindo com o teu cabelo cheiroso. Da minha barba roçando teu rosto lisinho e tua mão se perdendo no meio caminho...
Já estava amanhecendo, não queria que tu fostes embora, mas tu se levantou de mansinho. Eu observava com o canto do olho. Tu procurou tua saia, tua blusa e o chinelo. Vestiu-se como uma boneca e fez um rabo de cavalo. Ah, se eu puxasse esse rabo... Teu grito ecoaria no quarto de poucos metros quadrados e de certa pediria bis e calaria a minha boca com um beijo-sorriso. Eu iria na onda, puxaria de novo e tu gritaria mais uma vez, mas agora sem o beijo. E eu ficaria louco. Oh, se ficaria louco...

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